sábado, 11 de dezembro de 2010

Postagem 004


Salve mundo do samba!


Essa semana farei uma breve homenagem a um grande nome do carnaval. Um dos maiores gênios da história dos desfiles cariocas. Convido vocês meus amigos a me acompanharem numa viagem através do tempo numa nave prateada até os gloriosos anos de Fernando Pinto, mestre absoluto. Farei homenagens nesta coluna a vários carnavalescos. Decidi começar pelo trabalho de Fernando por uma razão pessoal mesmo: quando forço a memória e me remeto aos sentimentos mais iniciais de minha relação com essa festa, me vem à mente a originalidade do mundo indígena de “Tupinicópolis” em 1987. Ainda guri, percebi que aquilo marcaria minha vida para sempre.
De origem pernambucana, veio para o Rio onde iria se tornar referência no carnaval brasileiro. Marcou sua presença em grandes escolas, deixando um rastro de saudade e alegria: Mangueira, Império Serrano e Mocidade figuram em seu currículo.    O estilo de Fernando sempre impressionou pela sua capacidade inventiva, que inclusive deu origem a episódios lendários do carnaval. Já na sua estréia em 1972 no Império Serrano, que já era o Grande Império, ele assustou os componentes da escola tomando a concentração da Serrinha com uma alegoria nua, pelada. Em pouco tempo, animais, folhas, galhos e arbustos tomaram o vazio dando origem a uma magnífica alegoria em instantes! Era o ano histórico de  "Alô, Alô, Tai Carmem Miranda",  título lendário da agremiação, e um marco do carnaval. No Império mesmo ainda seguiu com ótimos resultados:

1973- “Viagem Encantada Pindorama à dentro” (2º lugar).
1974- “Dona Santa, Rainha do Maracatu” (3º lugar)
1975- “Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira” (3º lugar)
1976- “Lendas das Sereias Rainhas do Mar” (7º lugar). 

Mas foi na estrela verde e branca de Padre Miguel que Fernando explodiu e eternizou-se como grande nome da originalidade, criatividade e bom humor. A identificação do artista com a comunidade da Zona Oeste foi tamanha que até hoje a comunidade sente a falta da presença de espírito de seu trabalho. Destacando alguns de seus grandes carnavais:

1980- “Tropicália Maravilha” (2º lugar)
1983- “Como Era Verde Meu Xingu” (6º lugar). 
1984- “Mamãe Eu Quero Manaus” (2º lugar)
1985- “ Ziriguidum 2001 - Carnaval nas estrelas” (1º lugar) 
1987- “Tupinicópolis” (2º lugar)..

Seu estilo inconfundível marcou gerações e até hoje influencia a estética do carnaval. Além de títulos e vários Estandartes de Ouro, Fernando inaugurou um jeito novo de fazer a festa com irreverência. Dono de uma linguagem autêntica, marcou o imaginário do samba com suas baianas borboletas que flutuavam prateadas a luz do sol de “Ziriguidum”, guiadas por um carnaval futurista, cheio de carros vazados, dotados de movimentos dinâmicos.
Um trágico acidente de automóvel levou precocemente Fernando para brilhar junto as estrelas que ele tanto nos fez contemplar com seu bom humor. Ficamos mais pobres de alegria desde então. Parecia prever sua partida, pois deixou encaminhado  seu último trabalho  “Beijim, beijim, bye, bye Brasil”. Muita saudade do mestre com pinta de malandro cheio de graça em seu trabalho.
Visitem a obra desse gênio maravilhoso. Vocês vão encontrar um mundo fascinante de uma época romântica e hilária do carnaval. Salve Fernando! Continue a iluminar seus filhos artísticos, que humildemente mantém vivo seu ofício: a alegria!
Até mais. 
Jorge Luiz Silveira.

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